segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Mães & Filhas


Não é natural a exposição de mães e filhas adolescentes pelas capas de revistas de social a garantirem que “somos as melhores amigas uma da outra”, “contamos tudo uma à outra”, “somos muito cúmplices”. Mães e filhas têm uma relação única, um amor único e um tipo de (des)entendimento que dificilmente se repete nalguma outra relação. Mas algo não está a funcionar quando a melhor amiga da mãe é a filha e a melhor amiga da filha é a mãe. A começar pela diferença de idades – e logo, de interesses – e a acabar no respeito e numa certa saudável distância que pais e fi lhos devem sabem manter. Ou alguém se imagina a sair à noite com a sua filha de 16 anos, a tomar “um copito” a mais na sua companhia, a entrar em inconfidências e a desfiar (ou ouvir!) pormenores sobre a sua vida íntima? Ou a alinhar com a filha e as amigas nas suas aventuras para ludibriarem seguranças de bares e discotecas, a participar nos planos que lhes permitam entrar sem pagar e a desatar aos gritinhos histéricos de cada vez que se dá de caras com alguma cara conhecida da televisão ou da música? Para já não falar de todas as vezes que seria preciso pactuar com atitudes que compete aos pais condenar, como copiar nos testes, elaborar complicadas “cábulas”, ou enganar os professores entregando-lhes telemóveis fora de uso para que os “verdadeiros” não sejam confiscados durante as aulas... Faz parte de um crescimento saudável as filhas quererem parecer-se com as mães – poucas são as meninas que durante a infância não apareceram na sala com os sapatos de salto alto ou com as pulseiras e colares da mãe, ou que não desejaram ardentemente um vestido, um chapéu, uns óculos escuros ou um fato-de-banho igual ao das progenitoras. Para não falar das vezes em que quiseram fazer bolos como a mãe, maquilhar a cara com as pinturas da mãe e copiaram maneiras de falar, de rir e até de atirar o cabelo para trás. O que já não é tão saudável é as mães, numa altura em que as filhas começam a esforçar-se por serem diferentes, tentarem parecer-se com as filhas, seja vestindo-se ao mesmo estilo, usando o mesmo tipo de expressões típicas dos adolescentes, ou tentando parecer “cools” e modernas frequentando os sítios onde as filhas vão. Dificilmente mães e fi lhas poderão funcionar como “melhores amigas”. E muito menos “contar tudo uma à outra”. Porque ambas têm direito à sua esfera de privacidade numa relação que tem tanto de maravilhosa como de complexa. E porque os papéis de ambas nesta relação são diferentes e muitas vezes antagónicos. Os pais – e neste caso, as mães – têm obrigação de não deixar que os papéis se confundam. Misturar fronteiras que devem estar bem delimitadas pode criar estranhos e desconfortáveis problemas – além de uma enorme insegurança quanto ao papel que cada uma deve desempenhar.

Fonte: Pais Filhos

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